
Assim como outros psitacídeos, infelizmente os periquitos também dispõem de uma tendência natural de “esconderem” a doença. Quando o criador percebe já é tarde demais, consequentemente o periquito morre sendo que no dia anterior mostrava-se aparentemente saudável. Dependendo da doença, muitos sinais são claros, como penas eriçadas, não bebe ou come, fica apático em um canto da gaiola. Ao manifestar estes sinais, fica claro que ou o criador efetua os primeiros socorros ou o periquito inevitavelmente morre.

Um periquito doente necessita de calor (temperatura por volta de 25,7 ºC), em caso de não ter uma gaiola-hospital, o criador iniciante poderá utilizar uma caixa de sapatos. É importante mencionar que um descanso apropriado e correto para um periquito doente é sempre efetuado na semi-escuridão.
Muitos são os casos em que os periquitos adoentados não morrem em decorrência da própria doença, mas sim desidratados, portanto cabe ao criador ministrar fluídos para conter este quadro. Para tanto, o criador não só deverá dispor de uma seringa, como também saber utilizá-la de forma correta.

Caso o periquito não beber nem comer durante 24 horas, o criador deverá administrar 5 ml (uma colher de chá grande) de fluídos diariamente, em doses de 1 ou 2 ml. Neste caso, para preparar o fluído acrescente duas colheres de chá cheias de açúcar em 570 ml de água. Tal solução com certeza irá conferir um pouco de energia para o periquito adoentado.

Caso o tratamento tiver que ser prosseguido por mais algum tempo, uma papinha industrializada devidamente diluída em água e servida na seringa poderá dar ao periquito doente, além de fluídos, minerais e proteínas variadas.

Caso o periquito apresentar dificuldade para se manter no poleiro, instale outro poleiro no fundo da gaiola, com toda a certeza o periquito doente irá se sentir mais a vontade neste poleiro do que se ficasse no fundo da gaiola. Torna-se imprescindível salientar que água e a comida deverão estar sempre a disposição, assim como o criador deverá primar para que estejam ao fácil alcance. Painço, papa de ovo e milho poderão encorajar o periquito doente a comer.
Face escamada

Um ácaro que têm por hábito escavar a carne em torno da carúncula dos periquitos provoca a doença que os criadores chamam de “face escamada”.

Por mais incrível que possa parecer, os periquitos poderão possuir estes ácaros por muitos anos, sem que apresentem qualquer sinal da doença.

Quando os ácaros se multiplicam ocorre a infestação, neste estágio, a face escamada se desenvolve e lamentavelmente espalha-se por todo o plantel de forma rápida e progressiva. Os periquitos atingidos por esta moléstia apresentam cristas em torno das carúnculas, dos olhos, ouvidos e patas.

Tal moléstia é muito fácil de ser diagnosticada até mesmo pelo criador menos experiente, uma vez que o bico do periquito infectado cresce de forma anormal, na mesma medida que surgem muitos pequenos orifícios através dos quais os ácaros utilizam para respirar. É importante mencionar que absolutamente qualquer tipo de creme aplicado diretamente no bico do periquito infectado entupirá os orifícios produzidos pelos ácaros, assim sendo, provocará asfixia dos mesmos, porém já existem medicamentos industrializados produzidos para esta mesma finalidade, assim como agem mais rapidamente contra os ácaros, como, por exemplo, o Dolemil.
Piolhos

Os piolhos também são outros tipos de parasitas externos que costumam causar muitos problemas para os criadores de periquitos, principalmente o piolho vermelho. O problema torna-se ainda mais alarmante quando a infecção torna-se muito forte. Os ovos dos piolhos podem ser vistos claramente, principalmente sobre as asas. A forma de tratamento também é bastante fácil, bastando para isto um bom spray anti-piolhos que uma vez aplicados diretamente sobre os periquitos acabará com a infecção. Antes de passar o spray, não se esqueça de retirar da gaiola a comida e a água para evitar a contaminação e uma possível intoxicação, além disto, a gaiola, poleiros, ninhos e demais acessórios também deverão ser desinfetados.
Altos e Inchaços

Altos e inchaços na pele dos periquitos poderão ser abscessos, hérnias, cistos das penas ou até mesmo tumores. Qualquer uma destas situações poderá requerer que o periquito sofra uma intervenção cirúrgica por parte de um veterinário de sua confiança.

Com certa freqüência os periquitos costumam sofrer com algum deslocamento ou fraturas. Nos deslocamentos mais comuns, os periquitos sentem dificuldade de utilizar uma das patas, colocam a asa de um modo incomum e etc. Após o criador ter verificado estes casos o tratamento deverá ser imediato, caso contrário os periquitos atingidos poderão até mesmo ficar aleijados irremediavelmente para o resto de suas vidas!

Muitas vezes uma imobilização se faz necessária, onde o criador com o auxílio de palitos chatos (podendo ser um fósforo) e fita adesiva poderá improvisar uma tala. Caso o criador queira, poderá chamar um veterinário de sua confiança, levando-se em consideração que com o auxílio deste profissional o periquito poderá ganhar um anestésico.
Doenças nas penas

Infelizmente doenças que costumam aparecer nas penas dos periquitos são muito comuns e desgraçadamente, mesmo os maiores especialistas em ornitologia conhecem pouco a respeito delas. Indubitavelmente a mais temida de todas estas doenças é o Polyomavirus, popularmente conhecido como Muda Francesa. Trata-se de uma enfermidade viral que ataca os periquitos com menos de 3 semanas de vida. Segundo estudos recentes, o Polyomavirus por si só é relativamente inofensivo, sendo somente prejudicial à resposta do sistema imunológico de cada periquito infectado do que os danos provocados pelo próprio. Cabe salientar que a Muda Francesa não põe em risco a vida de somente um periquito infectado, mas sim de todo o plantel, uma vez que o vírus provoca danos no sistema imunológico de todos os periquitos jovens.

Mesmo que escapem e sobrevivam ao vírus, ficam infectados durante o resto da vida, assim como transmitem o mesmo na próxima descendência.

A fim de obter um plantel lucrativo e acima de tudo saudável, a eliminação da Muda Francesa torna-se a maior prioridade.
Sintomas do Polyomavirus

Os sintomas do Polyomavirus variam de acordo com a idade e condição física do periquito quando exposto ao vírus;
- Ovos gorados ou mortandade logo após a eclosão do ovo.
- Crescimento retardado nos filhotes que apresentam idades entre 10 a 15 dias de vida e abdômen inchado.
- Mortandade dos filhotes, sendo que ocorre mais mortandade quando a infecção ataca antes dos 15 dias de vida. Alguns filhotes morrem logo ao nascerem, enquanto que outros, mesmo estando infectados ainda sobrevivem normalmente entre 10 a 15 dias e morrem sem qualquer sinal aparente de enfermidade. Os filhotes mortos poderão apresentar o abdômen distendido, hemorragias sob a pele, bem como formação reduzida das penas inferiores e do contorno. Outros filhotes poderão apresentar sinais nervosos como ataques e tremores antes de morrerem.
- Anormalidade nas penas, sendo que os periquitos infectados com mais de 15 dias são considerados relativamente resistentes ao Polyomavirus.

Raramente morrem devido ao vírus, em compensação costumam apresentar diversos graus de anormalidades nas penas. Infelizmente ainda não se sabe quais são os danos que o Polyomavirus pode causar no sistema imunológico dos periquitos mais velhos, sendo que muito periquitos adultos assolados por esta moléstia costumam perder penas das asas e cauda. Caudas dobradas ou estriadas também podem ser observadas em muitos periquitos portadores do Polyomavirus, em detrimento de outros problemas de saúde.
As causas de um surto do Polyomavirus

Como regra, as infecções ocasionadas pelo Polyomavirus encontram-se presentes em estado latente e tornam-se patentes após períodos de stress.

Em cada época de criação é relativamente normal que um ou dois ninhos apresentem o Polyomavirus. Neste caso, o criador mais inexperiente não precisa se assustar, uma vez que não se trata de um surto, porém os filhotes que nasceram nestes ninhos não poderão ser misturados com outros filhotes saudáveis, além disto, os pais destes filhotes, um ou outro com toda a certeza é portador do vírus, assim sendo, o criador não deverá permitir que os mesmos voltem a reproduzir. Um surto é caracterizado quando muitos ninhos apresentam periquitos portadores do Polyomavirus em um viveiro que anteriormente não apresentava doenças. O criador deverá ter em mente que um surto de Muda Francesa indica um sistema imunológico cansado.

A causa do sistema imunológico enfraquecido deverá ser claramente identificada e combatida, antes mesmo que o surto possa ser controlado.
Tratamento do Polyomavirus

Conforme já dito anteriormente, o tratamento começa quando a causa que danifica o sistema imunológico dos periquitos é identificada.
- Procure identificar os periquitos infectados e portadores do Polyomavirus olhando cuidadosamente para cada um dos ninhos.
- Registre os resultados das posturas anteriores, assim como os detalhes dos ninhos em que o Polyomavirus apareceu. Tome nota das numerações das anilhas e dos detalhes da postura dos periquitos não atacados pela Muda Francesa. Procure primar para que os ninhos que não apresentaram o Polyomavirus é que darão origem para os futuros casais para os próximos ciclos de criação.
- Separe todos os filhotes com sinais do Polyomavirus e jamais os deixe em contato com filhotes saudáveis.
- Inspecione cuidadosamente cada progenitor e procure por sinais do Polyomavirus. Separe do restante do plantel cada periquito adulto que apresentar sinais desta moléstia.
- Remova e aspire todo o pó, comida, grit ou areia das gaiolas do plantel.
- Desinfecte as gaiolas, viveiros ou salas de reprodução, bem como os bebedouros e comedouros. Durante quatro semanas, repita estes procedimentos por pelo menos uma vez por semana.
- Identifique e mais do que depressa trate a causa subjacente dos danos do sistema imunológico. Por exemplo, obtenha um novo lote de comida, ou trate os periquitos contra a Chlamydiosis e assim sucessivamente...
- Fortifique a alimentação dos periquitos com proteínas, vitaminas e energéticos durante quatro semanas depois de terminado o programa de tratamento.
- Reagrupe os pares selecionados. Monitore cuidadosamente os resultados.
- Através de uma quarentena adequada e de uma cuidadosa seleção de periquitos novos, controle a re-entrada da Muda Francesa em seu plantel.
Controle do Polyomavirus
- Periquitos jovens portadores do Polyomavirus jamais poderão ser utilizados no futuro para reprodução.
- Uma ótima alimentação e a prevenção de outras doenças ajudarão o plantel a resistir de forma natural contra a Muda Francesa.
- Desinfecções regulares e limpezas minimizarão os níveis de todo e qualquer vírus no plantel.
- Conforme já mencionado anteriormente, periquitos filhotes e adultos que apresentarem sinais do vírus deverão ser imediatamente separados do restante do plantel.
Vômitos

De um modo geral, os periquitos frequentemente vomitam quando ao invés de comerem, brincam com as sementes, triturando até que as mesmas tornam-se pó. Normalmente os periquitos que vomitam apresentam estalidos com o bico enquanto se encontram enfermos, assim como penas eriçadas no bico inferior e no topo da cabeça.

O criador poderá observar os vômitos produzidos pelos periquitos nos comedouros e nas paredes das gaiolas. Entre tantas causas para este mal, podem-se destacar três principais; Um parasita microscópico e dois tipos diferenciados de bolores. Naturalmente se faz de suma importância saber diferenciar qual o tipo destas três causas que está atacando o periquito.

Justamente para tanto, o criador poderá contar com o veterinário de sua confiança que irá auxiliar através de simples testes e determinar qual seria a origem dos vômitos. Uma importante dica para o criador mais inexperiente é que se o periquito estiver infectado, possivelmente trata-se de uma infecção no esôfago, do proventrículo (verdadeiro estômago) ou do papo. É importante salientar que o tratamento para este tipo de infecção irá requerer a intervenção do veterinário de confiança do criador.

Situações de enfermidades relacionadas com o papo e esôfago são de tratamento relativamente fácil, porém quando se trata do estômago é um pouco mais complicado. Caso mais de um periquito esteja infectado, muito possivelmente parasitas estão atacando o plantel, tais parasitas denominados Trichomoniasis espalham-se através dos restos de comida debicados por um periquito enfermo que, incapaz de comer, cospe juntamente com a infecção.

Quanto maior for a concentração de periquitos em uma única gaiola, maior será a probabilidade de outro periquito anteriormente saudável ficar também infectado. Uma situação assim é de fácil tratamento através de medicação própria, porém é importante salientar que absolutamente todo o plantel deverá ser tratado, mesmo os periquitos que aparentemente estiverem saudáveis, uma vez que muitos deles poderão ter o parasita mesmo não aparentando nenhum sinal. Quando o assunto é o parasita Trichomoniasis existe uma lição importante que o criador deverá saber; Pelo menos 97% dos casos em que o Trichomoniasis aparece no plantel decorre de periquitos já adquiridos com a enfermidade. Na hora de comprar um periquito na loja, este poderá aparentar estar saudável, mas o stress da mudança de habitat poderá servir como rastilho para que a doença venha à tona. Justamente por isto, todo e qualquer periquito recém adquirido deverá ficar em uma gaiola separada (quarentena), por pelo menos três semanas antes de ser misturado com o restante do plantel.

Enquanto o periquito permanecer em quarentena poderá ser tratado normalmente contra a Trichomoniasis mesmo que não tenha o parasita.
Diarréia

A diarréia é relativamente comum nos periquitos, variando de cor e consistência. Contudo, diarréias líquidas de coloração verde-escura poderão indicar que o periquito não está se alimentando, assim como o problema poderá estar nos intestinos. Tão logo que o criador identifique este problema no plantel, a primeira coisa a fazer será retirar o periquito afetado da gaiola a fim de evitar que a infecção se espalhe. O segundo passo será examinar o periquito para verificar se existem outros sinais da enfermidade. Caso o periquito estiver enfermo, será necessário tratá-lo de acordo com o tópico da presente obra na página 21 “Doenças”. Se o problema encontrado for unicamente a diarréia, existe a possibilidade que alguma alteração tenha provocado a mesma. Teria vindo recentemente de uma exposição? O periquito assolado pela diarréia teria ingerido muitas verduras? O periquito teria sido colocado na gaiola recentemente? Se assim for a situação acabará por si própria dentro de um a no máximo dois dias. Caso a diarréia persistir o periquito deverá ser submetido a um tratamento. Um chá forte gelado, por exemplo, devidamente ministrado com o auxílio de uma seringa poderá ser suficiente. Se mesmo com este cuidado a diarréia persistir, antibióticos poderão ser administrados, bem como probióticos na tentativa de estabelecer uma fauna intestinal normal.

Se nada disto surtir qualquer efeito, o veterinário da confiança do criador deverá ser consultado. A utilização da Terramicina não é recomendável, há não ser que seja administrada pelo veterinário.
Doenças renais

As queixas renais entre os periquitos são relativamente freqüentes, e podem ser observadas através das fezes que contenham partes brancas alteradas na consistência e coloração. Somente um veterinário conseguirá efetuar um teste de sangue a fim de verificar a possível existência de um problema renal.

Mesmo com todos os avanços da Medicina Veterinária atual, infelizmente ainda muito pouco pode ser feito nesta área, no entanto é importante saber diferenciar uma doença renal da diabete que é comum, e poderá ser tratada de forma bastante satisfatória. Um simples teste realizado através das fezes poderá mostrar se o periquito está ou não com diabete.
Doenças respiratórias

As doenças do sistema respiratório também são relativamente comuns, podendo ir desde uma simples gripe até uma fatal pneumonia. Assim como outras aves, como o sistema respiratório dos periquitos também vai além dos pulmões para se estender até outros órgãos internos, e esta ocorrência pode afetar o diagnóstico, nem sempre é fácil estabelecer uma causa correta.
Uma vez que o criador tenha percebido problemas respiratórios nos periquitos do seu plantel, o veterinário deverá ser consultado. No entanto, é importante salientar que existem muitas coisas que o criador também poderá fazer.

Primeiramente o periquito enfermo deverá ser retirado da gaiola e imediatamente colocado em um local quente para poder ser tratado adequadamente. Normalmente os periquitos com problemas respiratórios tendem a cair do poleiro, sendo que isto é mais uma razão para manter o mesmo no chão. O criador poderá criar artificialmente uma atmosfera úmida, produzida por uma suave corrente de vapor oriunda de uma cafeteira a vapor, tal procedimento ajuda na maioria dos casos. Com o auxílio de um cotonete umedecido, o criador também poderá manter as narinas e os olhos do periquito enfermo limpos, assim o periquito se sentirá mais confortável. Caso as narinas estiverem obstruídas, cuidadosamente uma agulha poderá ser utilizada para remover a obstrução.
Doenças do sistema reprodutor

Muito embora que não seja muito comum, doenças do sistema reprodutor também podem assolar os periquitos. A exceção deverá ser quando o problema trata-se de ovo preso, com a qual o criador lamentavelmente irá se deparar de tempos em tempos. Neste caso, o criador poderá primeiramente efetuar uma ligeira pressão atrás do ovo, após ter untado a cloaca com azeite morno e tentar expulsá-lo. Outra forma de procedimento seria colocar o periquito em um ambiente aquecido para facilitar a expulsão do ovo.

Caso estas duas formas de procedimento não surtirem efeito e o ovo preso não tiver sido expulso pela cloaca dentro de algumas horas, infelizmente o criador estará perante uma situação verdadeiramente mortal! Neste caso, imediatamente um veterinário de sua confiança deverá ser consultado.
Cancro

Sem dúvida alguma o cancro é a causa de morte mais freqüente nos periquitos. Desgraçadamente muitos dos cancros são internos provocando inflamações nas paredes do estômago. Infelizmente não há nada que o criador possa fazer, porém felizmente alguns casos de cancros podem ser tratados através de uma intervenção cirúrgica.


Quando o criador escolher brinquedos para os periquitos, deverá primar para que os mesmos não possuam extremidades afiadas, tintas que possam ser tóxicas, assim como deverão estar sempre limpos. Uma simples bolinha de ping-pong, escadinhas, cordas, balanços e sinos se constituem como ótimos brinquedos. Criadores mais inexperientes sempre cometem o erro de comprar espelhos para os seus periquitos, sendo esta prática nada recomendável, levando-se em consideração que o periquito fica desesperado tentando sempre em vão entrar em contato com o outro suposto periquito, justamente por serem aves sociais o sofrimento é grande.


O caso poderá se tornar ainda mais alarmante se for um periquito macho, uma vez que tentará passar comida para a imagem refletida no espelho e até mesmo tentar copular com ela. A grande obsessão pelo espelho pode provocar muitas alterações comportamentais e gravíssimos problemas de saúde, como por exemplo, inflamação do bico por regurgitar sementes em excesso. Pelos mesmos motivos aqui citados não é recomendável adquirir para pendurar nas gaiolas, periquitos de borracha, plástico, pano e etc.

Desde que os Periquitos Ondulados começaram a ser criados em cativeiro, surgiram e conseguiram-se fixar bastantes variedades destas aves que, se combinadas entre si, dão origem a um vastíssimo leque de cores e formas diferentes. Neste artigo são focadas as variedades existentes de uma forma muito resumida.
Diferenças quanto à forma

Existem algumas variedades que se distinguem pelo desenho da ave que é visível no dorso do Periquito. Essas variedades são o Normal, que é o desenho do Periquito Ondulado original que se caracteriza pelas riscas onduladas pretas e amarelas ou pretas e brancas no dorso. Outra variedade muito popular é o Opalino que se caracteriza pela diminuição da melanina e consequente diminuição da intensidade das riscas e pela substituição da cor amarela ou branca no dorso pela cor do verde ou azul da ave. Essa diminuição é mais notória na nuca. Nas asas as rémiges e cauda têm uma risca amarela ou branca. Existe uma outra variedade mais recente que se chama em inglês Saddleback que é semelhante ao Opalino mas mantendo o amarelo ou branco nas costas e sem a risca clara nas rémiges e cauda que caracterizam o Opalino. Existe também uma mutação recente que traz um desenho novo aos Periquitos que se chama Spangle, Pergolado ou Cintilante. Esta variedade caracteriza-se por uma diminuição ainda mais acentuada da melanina, tornando a ave bastante mais clara no dorso. Nesta variedade, comparando-a com a variedade Normal, nas penas com a cor preta, o preto é substituído por um contorno a preto, ficando o resto da pena amarela ou branca. Essa característica é bem visível na 4ª ave se a compararmos com a 1ª das figuras que se apresentam mais em baixo. Os próprios spots na máscara no Spangle em vez de serem pretos são amarelos ou brancos com uma orla preta.

A variedade Opalino tem transmissão ligada ao sexo, a Saddleback é recessiva e a Spangle é dominante.

Com a excepção da variedade Normal que é a ausência de variedade, todas as outras se podem combinar entre si, sendo as aves com as variedades Spangle e Opalino em simultâneo, relativamente fáceis de encontrar.

Nestas figuras podemos ver as diferenças quanto ao desenho das marcas nas variedades Normal, Opalino, Saddleback e Spange, da esquerda para a direita.
Diferenças quanto às cores

Outras variedades têm a ver com a cor e o seu escurecimento. A cor do Periquito original é verde claro. Quando um Periquito é verde tem o corpo verde a fronte e mascara amarelas e as riscas são pretas e amarelas. Existe uma mutação que apareceu mais tarde que é o Azul. O Azul é uma ave semelhante ao Verde sem o pigmento amarelo, ficando Azul no corpo, branco na fronte e máscara e as riscas em preto e branco. Todos os Periquitos ou pertencem ao grupo verde ou pertencem ao grupo azul. A mutação Azul é recessiva em relação à Verde.

Dentro das cores surgiu uma outra mutação que tem a ver com o escurecimento da cor. Essa variedade é dominante e com factor simples dá origem ao Verde Escuro e Azul Cobalto e com factor duplo dá origem ao Verde Azeitona e ao Azul Malva, isto se considerarmos uma ave verde ou azul, respectivamente.

Existem outras variedades ligadas à cor como o Cinzento, que se caracteriza pelo cinzento do corpo e pelo escurecimento das riscas no dorso. O factor Cinzento pode existir nos pássaros e azuis e nos verdes, dando origem aos Cinzentos se a ave pertencer ao grupo azul e Verdes Cinzentos, se pertencer ao grupo verde. O cinzento pode ter várias intensidades consoante a ave tenha ou não factor escuro ou ainda se for de factor escuro duplo. Por exemplo a intensidade do cinzento vai aumentando gradualmente se aliada a um pássaro azul celeste, azul cobalto ou azul malva.

A variedade Violeta só é mais notada se aliada ao Azul Cobalto, ficando o corpo com uma linda cor violeta. Nas outras cores é difícil distingui-la, ficando o violeta das manchas da face mais vivo.

O Cinzento e o Violeta são variedades dominantes, não se distinguindo os de factor simples dos de factor duplo.

Nestas figuras podemos ver um Periquito Azul Celeste, um Azul Cobalto e um Azul Malva. Seguidamente um Periquito Violeta, um Verde Claro e um Verde Escuro Cinzento, todos na variedade Normal.
Diminuição da intensidade das marcas

Existem variedades que se caracterizam pela diminuição da intensidade das marcas e das cores. À medida que intensidade é muito baixa a cor verde tem tendência a desaparecer ficando apenas o amarelo. Do mesmo modo a cor azul tende para o branco.

A variedade mais comum neste grupo é o Canela. Esta variedade caracteriza-se pela diminuição da intensidade das marcas do dorso e da cor em cerca de 50%, ficando as marcas canela em vez de preto e o verde ou o azul bastante mais claros. O factor Canela é ligado ao sexo.

Uma variedade semelhante à Canela é a Fallow. A grande distinção tem a ver com a cor dos olhos, já que são vermelhos. Existem dois tipos de Fallow, o Inglês e o Alemão e a única diferença entre eles á a íris nos olhos. No primeiro caso apresenta a íris rosa e o segundo possui a íris branca. É uma variedade recessiva.

Outra variedade que se caracteriza pela diluição das marcas, são os Diluídos ou Amarelos e Brancos. A diluição das cores é ainda maior do que nos Canela ficando o verde muito claro, quase amarelo e o azul quase branco. As marcas são bastante diluídas embora se notem bastante bem. É, também, uma variedade recessiva.

Os Asas Claras apresentam uma diluição nas asas e costas muito superior à registada no resto do corpo. Tem as asas, cauda e dorso semelhantes aos Diluídos mas no resto do corpo a diluição não deve ultrapassar os 10%, ficando o corpo escuro e as asas e dorso claros. É, também, uma variedade recessiva.

Os Asas Cinzentas são semelhantes têm a cor semelhante aos Asas Claras mas as asas e dorso são cinzentas. São, também, recessivos.

Os Corpos Claros são ao contrário dos Asas Claras, tendo intensidade das marcas do dorso, asas e cauda semelhantes aos Normais mas a cor do corpo muito mais clara. Existem duas variedades de Corpos Claros, Texas e Easley, sendo a primeira ligada ao sexo e a segunda dominante. Os Corpos Claros do Texas são dominantes em relação ao factor Ino. Nestes a intensidade das marcas das asas vai diminuindo desde os ombros até às rémiges, enquanto que na outra variedade a intensidade é semelhante.

O factor Ino caracteriza-se por aves Amarelas ou Brancas com olhos vermelhos. É a diluição levada ao máximo mas considero diluição porque perto da ave consegue-se ver o desenho das riscas, podendo-se saber se é Normal, Opalino ou Splangle. O factor Cinzento também se faz notar na intensidade e brilho da cor do corpo, bem como o factor escuro. Os amarelos chamam-se Lutinos e os brancos Albinos e a sua transmissão está ligada ao sexo.

O Lacewing é semelhante ao Ino mas com marcas canela nas asas dorso e cauda, resultando do cruzamento de Canela com o factor Ino. Também têm olhos vermelhos e como os factores Ino e Canela são ligados ao sexo, esta variedade transmite-se do mesmo modo.

Da esquerda para a direita, mostra-se um Periquito Canela Cinzento, um Fallow Alemão Verde Claro, um Diluído Amarelo, um Asas Claras Azul Celeste, um Corpos Claros do Texas Cinzento, um Lutino e por fim um Lacewing Verde.
Aumento na intensidade das marcas

Existem outras variedades que se caracterizam pelo aumento da melanina, aumentando a intensidade das marcas e das cores. São variedades não muito vistas.

O Slate é uma dessa variedades, fazendo com que as penas pretas do dorso sejam mais carregadas. A cor do corpo também é mais escura ficando com um tom próximo do cinzento. É uma variedade ligada ao sexo.

O Antracite é uma variedade muito recente e é a mais escura de todas as variedades, aproximando-se as cores mais do preto. É uma variedade dominante.

Da esquerda para a direita, surge um Periquito Slate Azul e outro Antracite também Azul.
A ausência de marcas

Existem outras variedades que se caracterizam pela total ausência de quaisquer marcas em parte ou na totalidade das suas penas.

Os malhados são um exemplo disso. Nas partes do corpo sem marcas a cor fica amarela ou branca sem qualquer tipo de marca, mesmo aquelas que podemos observar nos Lutinos e Albinos. Em qualquer destas variedades é impossível encontrar duas aves iguais porque existem sempre um factor aleatório relativamente ao local onde a ausência de marcas surge. Existem quatro tipos de malhados, sendo um recessivo e os outros dominantes. Os Malhados Recessivos ou Dinamarquês têm a cera mais clara, ao contrário dos outros e normalmente as partes claras surgem nas asas aleatoriamente e sobretudo no peito e nuca. Os Malhados Australianos devem ter uma mancha na nuca, uma risca horizontal sobre o peito, a cauda deve ser clara. Nas asas só os ombros têm marcas. Nos Malhados Holandeses uma mancha na nuca, a cauda e rémiges claras e uma pequena mancha clara no papo. A última variedade malhada é os Rémiges Claras e possuem apenas uma mancha clara na nuca, as rémiges e a cauda claras, tendo, no resto do corpo, as marcas normais.

Existe um tipo de malhado, o Mottle, que nasce sem ausência de malhas mas que ao longo das mudas de pena que vai efectuando, vão-lhe aparecendo zonas com ausência de marcas até as perder todas completamente.

Se se juntar num Periquito os factores Arlequim Australiano e o Rémiges Claras, obtém-se uma ave totalmente amarela ou branca sem qualquer tipo de marcas, com a cera igual aos Malhados Dinamarqueses e com olhos e íris pretos.

Existe outra variedade que dá origem a uma ave totalmente amarela ou branca com os olhos pretos, íris branca e com uma cera normal. Desta variedade já se falou anteriormente e é nada mais que o Splangle de duplo factor. Apesar de nesta variedade as aves com factor simples terem marcas, as de duplo factor não possuírem quaisquer tipos de marcas. Por vezes estas aves apresentam manchas claras verdes ou azuis no corpo.

Da esquerda para a direita, surge um Periquito Malhado Dinamarquês Azul Cobalto, um Malhado Australiano Azul Celeste, um Malhado Holandês Verde escuro, um Rémiges Claras Azul Celeste e, por fim, um Spangle Azul de duplo factor.
O factor Face Amarela

Existe uma variedade que junta o amarelo ao azul a que se chama Face Amarela. Existem três tipos de Face Amarela, todos eles de carácter dominante. O Face Amarela caracteriza-se pela substituição do branco na fronte e mascara por amarelo claro no tipo I, mais escuro no tipo II e semelhante ao amarelo dos pássaros verdes no tipo III. Nos tipos II e III com Face Amarela de factor simples, o amarelo estende-se por todo o corpo, ficando o azul esverdeado o mesmo verde no caso do tipo III. Um Verde Claro é difícil de distinguir de um Azul Celeste Face Amarela tipo III de factor simples. O Face Amarela de duplo factor não é visível, só sendo visível nos tipos II e III na mascara e fronte, pelo que em exposição só são admitidos Face Amarela tipo I de factor simples e Face Amarela de duplo factor de tipo II e III. O Face Amarela também existe nas aves verdes, tornando o amarelo da fronte e mascara mais intenso.

Da esquerda para a direita, temos um Periquito Azul Face Amarela tipo I de factor simples e outro Azul Malva Spangle Face Amarela Tipo II de factor simples.
Alterações na plumagem

Nestes casos temos os Periquitos de Poupa que podem ter um tufo, uma popa semicircular ou uma poupa circular. O factor poupa é dominante e pode estar aliado a outro factor existente nos Periquitos.

Existem ainda uma variedade não reconhecida mas muito apreciada no Japão que é conhecida por Frisado Japonês que, para além da alteração na plumagem na cabeça, produz também alteração nas asas junto aos ombros.

À esquerda surge um Periquito de Poupa Normal Azul Malva, enquanto que à esquerda se apresentam

O periquito australiano apresenta combinações de quatro cores principais, azul, verde, amarelo e branco. Existem mutações que atuam sobre uma desta cores principais, podendo produzir periquitos cinzentos e os tão almejados periquitos violeta.

Os criadores mais experientes estipularam duas séries de cores: a série azul ao qual pertencem os periquitos azuis e brancos, e a série verde ao qual pertencem os periquitos verde e amarelo.

São dois grupos de pigmentos responsáveis pela coloração: as melaninas e um conjunto de moléculas quimicamente semelhantes aos carotenóides. Os periquitos da série verde são aqueles que possuem nas suas penas os pigmentos semelhantes aos carotenóides, enquanto que os periquitos da série azul não possuem este grupo de pigmentos nas suas penas.

Os fortes depósitos de grânulos de melanina nas penas das asas conferem aos periquitos selvagens as características marcas negras que produzem o aspecto ondulado. A mutação conhecida entre os criadores como “canela” tem como efeito impedir a produção da eumelanina de cor negra, muito embora que permita a subsistência da phaomelanina de coloração castanha, passando a ser essa a cor das marcas das asas. Nas penas do corpo a melanina tem um efeito muito diferente daquele verificado nas asas. Devido à própria constituição da pena, se processa um fenômeno ótico em que a melanina absorve as radiações com comprimento de onda próximo do vermelho e reflete as radiações próximas do azul. Embora que a cor normal da melanina seja negra, a sua atuação nas penas do corpo torna visível a cor azul. Por outro lado, caso esteja presente uma mutação que iniba a produção de melanina, as penas do corpo perderão a capacidade de absorção da radiação vermelha, passando a refletir a tonalidade da luz visível. Assim sendo, a radiação que se torna visível através da reflexão nas penas do corpo é a luz branca, originando um periquito branco. No entanto, o efeito ótico causado pela existência de melanina não é suficiente para explicar a cor destas aves policromáticas.

Quando o grupo de pigmentos quimicamente semelhante aos carotenóides está presente, é responsável pela coloração amarela, fato pelo qual passará adiante, a ser mencionado por pigmento amarelo.


Faz-se necessário analisar o efeito conjugado dos dois tipos de pigmentos para que se possa efetuar uma conclusão acerca da coloração de um periquito.

Em um periquito albino (branco de olhos vermelhos), não existe produção de qualquer pigmento de melanina devido a esta mutação, nem de pigmento amarelo, uma vez que se trata de um periquito da série azul. Assim como nem a radiação azul, nem a radiação amarela é visível e o periquito é totalmente branco. Nos periquitos de corpo azul apenas a melanina está presente, enquanto que nos periquitos amarelos verifica-se apenas a produção do pigmento amarelo nas penas dos mesmos. No periquito selvagem estão presentes ambos os tipos de pigmentos, as melaninas e o pigmento amarelo.

Nos periquitos verdes se processa um fenômeno semelhante ao que se sucede quando se mistura tinta azul com amarelo. Se o leitor já realizou esta experiência provavelmente saberá que a cor resultante será verde, a mesma que ostenta qualquer periquito selvagem. Porém é necessário salientar que raramente um periquito é completamente de uma única cor, e quando isto acontece, verifica-se através de um periquito completamente branco ou amarelo.

Os periquitos da série azul (aqueles que não produzem pigmentos amarelos) também poderão ser totalmente brancos se não produzirem melanina ou azuis por não produzirem este grupo de pigmentos nas penas que recobrem o corpo.

Os periquitos da série verde (aqueles que produzem pigmentos amarelos) poderão ser completamente amarelos se não produzirem melaninas, ou completamente verde se produzirem. Os periquitos normais apresentando um corpo verde possuem a face amarela, visto que nesta área, ao contrário do corpo onde ambos os pigmentos são produzidos, apenas se observa a produção do pigmento amarelo. De modo semelhante, em um periquito normal de corpo azul a face é completamente isenta de qualquer pigmento, portanto é branca. As asas de qualquer periquito normal pertencente à série azul ou verde continuam apresentando as características marcas negras.
| Presença de melanina | Ausência de melanina |
Presença de pigmentos amarelos (série verde)
| Penas verdes | Penas amarelas |
Ausência de pigmentos amarelos (série azul)
| Penas azuis | Penas brancas |
Tabela 1 - Cor das penas de acordo com a presença ou ausência dos pigmentos da cor. |
Mais informações sobre a genética dos periquitos:

Conforme o nome popular (periquito australiano) nos indica, realmente o mesmo é nativo da Austrália, onde até os tempos atuais existem nos desertos e algumas regiões áridas, sendo também chamado de periquito ondulado ou zebrado.

O nome científico é Melopsittacus undulatos, estando enquadrado na família Psittacidae, ordem dos Psittaciformes na classe das aves. No longínquo ano de 1805, Shaw e Nodder descreveram esta que foi a primeira espécie de psitacídeo a ser descrita em todo o mundo.

O pássaro recebeu primeiramente a nomenclatura; Psittacus (por ser um psitacídeo) e undulatos (devido às marcas onduladas de suas asas, característica esta muito marcante nesta espécie). Posteriormente quando o renomado naturalista inglês John Gould ouviu as melodias entoadas por estes fantásticos pássaros, resolveu acrescentar a palavra melo (som), antes da palavra Psittacus, a partir de então esta espécie de psitacídeo passou a ser conhecida definitivamente no mundo científico como Melopsittacus undulatos.


Por mais incrível que possa parecer, estas graciosas aves eram largamente caçadas para a alimentação de diversas tribos aborígines da Austrália. Os aborígines conheciam os periquitos pelo nome “bedgerigah” que em seu dialeto significa “bom para se comer”, justamente por isto que o pássaro na língua inglesa é chamado de budgerigar.

No ano de 1840, John Gould retornou para a Europa, entre as suas inúmeras bagagens encontravam-se os primeiros exemplares de periquitos trazidos para o seu continente, onde imediatamente se iniciou a criação de cativeiro na Inglaterra e a popularização da espécie que ganhou ainda mais notoriedade com a publicação de um livro de John Gould sobre os Periquitos. O processo foi tão rápido que no ano de 1850, já era possível adquirir periquitos australianos no Centro do comércio de aves de gaiola (Antuérpia), e a partir de então passaram a ser criados em larga escala em todo o continente europeu. Para se ter uma pequena noção, somente a França realizava a importação de praticamente 100.000 casais por ano, e como os criadores holandeses e belgas não conseguiam dar conta da gigantesca demanda, milhões de periquitos em pleno estado selvagem eram importados ilegalmente diretamente da Austrália. A situação ficou ainda mais grave quando em meados do século XIX o periquito australiano virou coqueluche nos Estados Unidos, até que no ano de 1894 o governo australiano criou o embargo que proibiria as exportações até os nossos dias atuais, esta medida foi muito promissora para os periquitos selvagens que estavam sendo literalmente dizimados com o tráfico destinado a crescente onda de importações. Tal embargo chegou quase tarde demais, uma vez que resolveu a problemática australiana, mas em contrapartida nesta época já existiam gigantescos criadouros na Bélgica e principalmente no sul da França que já contavam com cerca de 100.000 aves para a alegria geral dos fanáticos por esta graciosa ave. A cor original dos periquitos australianos sempre foi um verde claro com cabeça amarela e cauda azulada, até que na Bélgica no ano de 1870 surgiu a primeira mutação, causando enorme espanto na população belga nasceu um exemplar amarelo com olhos vermelhos, assim sendo, este possivelmente tenha sido o primeiro lutino conhecido. Posteriormente nasceram outros amarelos com olhos pretos, porém não causaram tanta sensação, até que em 1878 surgem as primeiras mutações de periquitos celestes, depois exemplares verde-escuros que após terem sido reproduzidos com os azuis surgiram os cobaltos. Os albinos foram produzidos em 1917. As mutações não pararam de se multiplicar, até mesmo nos dias atuais continuam surgindo espontaneamente ou induzidas. Tanto, que atualmente mais de 200 colorações podem ser facilmente encontradas, obtidas através do verde, azul, amarelo, cinza e branco em três tipos de tonalidades diferenciadas; normal, claro e escuro em cerca de 30 mutações atualmente conhecidas. O periquito australiano original mede 17 cm, enquanto que o periquito inglês atinge entre 20 a 22 cm. Este tamanho foi obtido graças a meticulosa seleção genética que os criadores ingleses efetuaram com o periquito australiano, portanto é correto afirmar que o periquito Standard inglês e o periquito comum australiano reproduzem entre si, afinal mesmo que apresentem grandes diferenças, ambos são a mesma espécie. A cabeça do periquito padrão inglês é mais volumosa, o bico praticamente escondido e as pintas negras abaixo do pescoço são bem mais definidas. Além de ser o único que participa de exposições, o padrão inglês apresenta um temperamento mais dócil. É importante também mencionar que o periquito inglês conseguiu com sucesso fixar a mutação do penacho na cabeça do tradicional periquito australiano. Atualmente a Inglaterra continua sendo o país de onde são oriundos os mais magníficos exemplares de periquitos do mundo, mas este fato é facilmente explicado devido a uma maior difusão, tradição e o grande número de 15.000 criadores que além de efetuarem um manejo seletivo, costumam freqüentar mais de 100 exposições anuais. Cada ano que passa, novos países são conquistados pelos periquitos australianos e ingleses, nos dias atuais estão nesta lista; Inglaterra, Brasil, Alemanha, Suíça, Suécia, Itália, França, Dinamarca, Portugal, Japão, Estados Unidos, Bélgica, Argentina e Peru, fazendo dos periquitos um dos pássaros mais comercializados em todo o mundo. Acompanhe a evolução do periquito Standard inglês;

Em seu habitat natural passam grande parte da vida á procura de nuvens carregadas, esperando chuvas, o que pode levar meses e até mesmo anos, neste ínterim o número dos bandos de periquitos drasticamente é reduzido, não só pela falta de alimento como também pelos predadores que cercam eles e suas crias. Nos anos que o alimento é relativamente abundante, os periquitos costumam ser a espécie mais abundante dos desertos australianos, optando por arbustos que possam se camuflar ou habitats em campos abertos.

Além de grandes voadores, podendo viajar a grandes distâncias em bandos que podem compor mais de 10.000 indivíduos a procura de água e alimentação, na natureza também são sociáveis e muito ativos já nas primeiras horas do dia, enquanto outras aves se recolhem, os periquitos australianos aproveitam os últimos minutos do final do dia para procurarem no chão a principal fonte de sua alimentação; sementes. Em estado selvagem costumam procriar nos meses de Outubro e Novembro, meses estes que costumam coincidir com o início do verão australiano onde existe água e alimento em abundância. Fazem seus ninhos em pequenas cavidades nas árvores, a fêmea é responsável pelo choco, pondo de 3 a 6 ovos. Após 30 dias as crias deixam o ninho. Ao contrário de muitas espécies de aves, entre os periquitos não existe disputa de territórios ou hierarquias. Com muitas carícias diárias e companheirismo, um casal pode permanecer junto por muitos anos. Levando a palavra “socialismo” ao extremo, dois ou até mesmo três casais podem compartilhar o mesmo ninho, assim como cooperarem entre si no cuidado e alimentação para com suas crias.